O doodle, do Google, desta sexta-feira (16) comemora o aniversário de 296 anos da matemática e filósofa italiana Maria Gaetana Agnesi. Esta é a terceira homenagem seguida da ferramenta de busca a uma mulher, após o doodle de Dorothy Hodgkin e de Audrey Hepburn.
Leia sua história a seguir.
Maria
Gaetana Agnesi
(1718 - 1799)
|
Nasceu em
Milão em 1718, provinda de uma família rica e culta. Seu pai, Pietro Agnesi,
teve vinte e três filhos com suas três esposas, sendo Maria a primogênita.
Pietro tinha condições de oferecer a Maria os melhores tutores para que ela
pudesse ter uma educação privilegiada. Dessa maneira, proporciono-lhe uma
educação privada primorosa, que lhe possibilitou adquirir conhecimentos
profundos em várias áreas, o que não era hábito das damas desse século.
Aos nove
anos de idade, publicou um discurso em latim que defendia um ensino de alta
qualidade para as mulheres. Ao contrário do que muitos pensaram, Maria não
havia escrito o discurso, mas fizera a tradução para o latim a partir do
original escrito por um de seus tutores. Entretanto, Maria fez o discurso em público,
sem recorrer à leitura, para uma audiência acadêmica, organizada por seu pai.
Aos 13
anos, além do italiano e do latim, sabia cinco outras línguas: grego, hebreu,
francês, espanhol e alemão e, por isso, a chamavam de: O Oráculo das Sete Línguas.
Quando tinha 15 anos, o pai a introduziu num círculo de intelectuais, onde
todos se admiravam com a sua genialidade na área da Matemática, da Física e da
Filosofia.
Em 1738,
publicou uma série de estudos filosóficos chamado Propositiones Philosophicae . Essa obra
continha 191 teses que Maria defendera publicamente na presença de importantes
convidados nacionais e internacionais. Seu pai os convidava e ela, apesar de
não apreciar muito falar em público, obedecia. Certo dia, Maria confessou ao
pai seu desejo de tornar-se freira, mas ele, desejoso da companhia da filha,
implorou-lhe que mudasse de idéia. Maria aceitou apenas sob três condições: ir
à Igreja sempre que quisesse, vestir-se de maneira simples e humilde e não
precisar freqüentar festas, teatros e outras diversões que considerava
profanas.
A partir
daí, concentrou seus esforços para estudar Religião e Matemática. Maria tinha
que aprender Matemática praticamente sozinha - um feito reservado a
pouquíssImas pessoas - mas teve a sorte de Ramiro Rampinelli,
professor de matemática da Universidade de Roma e Bolonha, chegar em Milão e se
tornar um assíduo freqüentador de sua casa. Foi ele quem a ajudou a estudar os
textos de Cálculo do matemático Reyneau.
Através
de Rampinelli, Agnesi entrou em contato com o matemático Riccati,
que foi de vital importância na revisão da obra que lhe daria grande
reconhecimento. Esse trabalho foi publicado em 1748, numa obra em dois volumes,
intitulada Istituzioni
Analitiche ad uso della Gioventù Italiana com temas de
Álgebra, Geometria e Cálculo Infinitesimal. O aparecimento desse livro causou
grande sensação ser uma publicação feita por uma senhora e desenvolvida com
maestria, envolvendo questões matemáticas consideradas profundas e difíceis.
Tamanho
foi o sucesso dessa obra que a Academia de Ciências de Paris publicou um
relatório onde dizia: "...Muita habilidade, como a autora
demonstrou ter, foi necessária para reduzir e quase uniformizar os métodos que
estas descobertas geraram ao longo dos trabalhos de matemáticos modernos,
freqüentemente muito diferentes entre si. Ordem, clareza e precisão reinam em
todas as partes deste trabalho... Nós o consideramos como o mais completo e
melhor tratado já feito."
A
primeira seção de Istituzioni Analitiche trata da análise de
quantidades finitas, dos problemas elementares de máximo e mínimo, tangentes e
dos pontos de inflexão. A segunda seção discute a análise de quantidades
infinitamente pequenas. A terceira seção é sobre o Cálculo Integral e apresenta
uma discussão geral do estado do conhecimento. A última seção trata do método
inverso das tangentes e das equações diferenciais. No volume 2 é apresentada
uma extensa discussão sobre a curva cúbica, conhecida como Curva de Agnesi.
A
contribuição matemática mais importante de Agnesi foi a primeira tradução
francesa dos Principia de Newton, publicada postumamente em 1756, com
um prefácio de Voltaire e sob a direção de Clairaut.
Por volta
de 1750, Agnesi foi convidada para ocupar a cadeira de Matemática na
Universidade de Bolonha, mas sua vida, em seguida, tomaria um rumo
completamente diferente. Com a morte do pai, movida pelos seus sentimentos
religiosos, deixou a docência e recolheu-se em um convento para se dedicar aos
que sofriam de doenças graves. Quando a instituição Pio Istituto
Trivulzo foi aberta, Maria ficou encarregada de sua direção. Esse
Instituto era uma casa para doentes e enfermos, aos quais ela se dedicou inteiramente,
doando toda a sua fortuna e trabalhando ali até a sua morte.
Maria era
uma pessoa delicada e muito tímida. Nunca teve ambição de se tornar uma
matemática famosa a despeito de seu gênio brilhante. Alguns dizem que ela
apenas se interessou por matemática para agradar ao pai.
Não
obstante, a sua inteligência e o seu talento tornaram possível integrar todo o
conhecimento de mais alto nível sobre Cálculo da época de uma maneira muito
clara. Maria Agnesi é reconhecida como a primeira mulher matemática a ter
produzido textos de alta qualidade científica.
Morreu em
janeiro de 1799, com 81 anos de idade, no seu hospital.
Postado por: Prof. Teresinha Alencar (Sala de Leitura)
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